Gestor da Santa Casa e Secretário de Saúde voltam à Câmara para esclarecer questões dos vereadores
O diretor da Santa Casa de Arcos, Carlos Magno Rodrigues, e o Secretário Municipal de Saúde, Tiago Carvalho de Oliveira, estiveram na Câmara Municipal na última segunda, dia 1º de abril, para esclarecer as questões dos vereadores. Entre os assuntos abordados estavam o destino dos equipamentos médicos adquiridos durante a pandemia de Covid - 19, a ampliação do bloco cirúrgico, a implantação do novo CTI e a reforma da Ala SUS.
Ao ser perguntado pelos vereadores Carlos Antônio da Silva - Carlinhos e José Calixto da Fonseca sobre o destino dos equipamentos adquiridos com recursos públicos para a implantação do CTI-Covid em 2021, Carlos Magno esclareceu que, do total de 271 itens inventariados, 210 estão em uso, 33 se encontram guardados na própria instituição, 13 foram emprestados ao Hospital São José e 15 foram considerados obsoletos. “Não pensem que o os equipamentos estão alocados só no bloco cirúrgico. Estão alocados em toda a Santa Casa. [...] A maioria ficou alocada no bloco cirúrgico, mas o hospital inteiro foi beneficiado”, afirmou o gestor.
Em relação à implantação do novo centro de tratamento intensivo, o Secretário de Saúde Tiago Carvalho anunciou: “o CTI vai ser uma realidade. Vamos financiá-lo. E essa estrutura de Saúde - que a gente está pensando para Arcos e construindo - vai ser realizada”. No entanto, o diretor da Santa Casa se mostrou preocupado em relação ao alto custo para manter a unidade em funcionamento: “a montagem do CTI em si não é o principal problema. O problema do CTI é a manutenção, que tem um custo muito elevado”. “Até o CTI começar andar com as próprias pernas, ter o recurso e habilitação no Ministério da Saúde, o Município vai arcar com os custos, que não são baratos. Nas minhas contas, eu fiz uma atualização: só folha de pagamento de funcionário e de médico dá algo em torno de R$ 350 mil por mês, fora os gastos de material, medicamento, gás medicinal. Isso tudo também vai aumentar”, Carlos Magno explicou.
O gestor do hospital filantrópico também demonstrou receio em relação à perda de espaço no bloco cirúrgico para a instalação do CTI: “Eu acho que vai ser um avanço muito grande para Arcos. Mas o CTI tem que caminhar junto com o bloco cirúrgico - e isso eu já falei várias vezes na reunião com a comissão [interventora], com o Poder Executivo. Porque a gente vai desmobilizar algumas áreas do bloco atual que eu não consigo fazer funcionar se a gente não conseguir avançar com a ampliação. Eu vou perder uma sala de parto normal, como é que eu vou fazer? Vou perder uma sala cirúrgica, vou perder uma sala de retaguarda de recém-nascido. Então eu fico muito preocupado com essa questão”. Para o Secretário de Saúde, contudo, “nós vamos perder para ganhar. Infelizmente a realidade é essa. Para se ter, dentro da logística de Saúde, dentro do complexo de saúde, algumas salas que vão ser ampliadas ou realocadas em outro momento, nós vamos ganhar com o CTI”.
Carlos Magno e Tiago Carvalho também falaram sobre os recursos previstos no Projeto de Lei Complementar Nº 04/2024, de autoria do Executivo, que ainda não foi votado. O projeto autoriza a abertura de crédito adicional especial no valor de um milhão de reais para concessão de auxílio e subvenção à instituição, destinados à ampliação do bloco cirúrgico e à reforma da enfermaria, mas tem sido alvo de vários questionamentos por parte dos vereadores.
De acordo com o gestor do hospital, “com a construção do CTI nós vamos precisar obrigatoriamente ampliar o nosso bloco cirúrgico, para não fazer um downgrade nos atendimentos da Santa Casa. Não adianta a gente ter um CTI maravilhoso se a gente estrangular uma coisa que está indo bem. Nossa proposta é não interromper o bloco cirúrgico cem por cento, porque seria um desastre para o município”. No entanto, ainda não foi possível desenvolver um projeto para a obra, com as questões elétricas, arquitetônicas e hidráulicas pertinentes. “Então eu também não tenho como afirmar pro senhor se os 500 mil reais serão suficientes para fazer a ampliação do bloco cirúrgico”, disse Magno.
A reforma da Ala SUS também não possui projeto, apenas uma estimativa financeira. De acordo com o diretor, “na Santa Casa a gente conta centavos, a gente tem responsabilidade de fazer conta de um real ali na Santa Casa. O dinheiro não é meu, não é de ninguém, é do povo. Então a gente não conseguiu fazer um projeto fidedigno da parte elétrica, hidráulica, de gases medicinais e tudo, porque demanda dinheiro. Eu não tenho como, eu não tenho coragem de contratar uma empresa e mandar gastar 30, 40 mil reais para me dar um projeto e depois, por acaso, às vezes o rumo mudar”. Ainda segundo ele, para a reforma desta área seriam necessários recursos estimados em aproximadamente R$ 715 mil. Para as quatro enfermarias coletivas, um posto de enfermagem, os seis apartamentos individuais e os corredores de acesso à Ala SUS estão previstos: pintura, readequação projeto elétrico, climatização, troca de portas e banheiros, acessibilidade, adequação do piso e também a revitalização da fachada. “A proposta seria a reforma desses ambientes do SUS para colocá-los no mesmo padrão das demais unidades do hospital”, afirmou Carlos Magno. “Eu acho que já passou da hora da gente poder prestar pro nosso paciente do SUS um conforto, um respeito, ao nível que ele precisa”.
Ainda assim, o Projeto de Lei Complementar Nº 04/2024, de autoria do Executivo, prevê um auxílio no valor de R$ 500 mil reais para essa finalidade. Para o vereador João Paulo Ferreira - Joãozinho, “[o Executivo] está fazendo as coisas às pressas. Manda um pouco de dinheiro, depois manda o outro... Então por que já não aproveitar esse tempo, aproveitar esse espaço para discutir mais? Para ver se já manda esse recurso para contemplar toda a reforma da enfermaria, de aproximadamente R$ 715 mil. E o bloco cirúrgico também, que ainda não tem orçamento. Já poderia viabilizar isso através de orçamento para ver o que poderia mandar, se os R$ 500 mil vão atender ou se vai precisar de mais. Para ficar uma coisa certa e não ter essa configuração de um imediatismo, de querer fazer as coisas às pressas porque nós estamos há seis meses do processo eleitoral”. Com esta justificativa, a votação do projeto foi adiada por sete dias.
Pelo avançar do horário, o presidente Flávio Correia convidou o Secretário de Saúde a continuar a discussão na reunião ordinária do dia 15 de abril. Entre os assuntos a tratar estão a implantação do Serviço de Atenção Domiciliar no município, a construção da UPA e os atendimentos especializados e de neuropediatria, que não foram contemplados durante o seu pronunciamento.